Novas descobertas revelam o principal fator que transformou Marte em um planeta árido e inabitável. Estudos indicam que, bilhões de anos atrás, Marte possuía água e condições para o desenvolvimento de vida microbiana. O mistério sobre o desaparecimento dessa água, no entanto, persistia.
Um recente artigo aponta que a causa determinante foi um processo de pulverização catódica, resultante do impacto de partículas elétricas na atmosfera marciana. Esse fenômeno ocorreu no início da história do planeta, quando a atividade solar era significativamente mais intensa.
De acordo com o estudo, a atmosfera de Marte, em seus primórdios, perdeu seu campo magnético protetor, ficando diretamente exposta aos ventos e tempestades solares. Essa exposição causou o desgaste da atmosfera, tornando a água líquida instável na superfície e levando ao seu escape em larga escala para o espaço.
O processo de pulverização catódica envolve a remoção de átomos da atmosfera marciana devido ao choque com partículas solares carregadas eletricamente, semelhante à erosão causada pelo vento e pela chuva na Terra.
Cientistas já haviam encontrado indícios desse processo, mas nunca o haviam observado diretamente. Para testemunhar o fenômeno, foram realizadas medições simultâneas no “lugar certo e na hora certa” utilizando instrumentos a bordo de uma espaçonave.
As medições foram feitas tanto no lado diurno quanto no noturno do planeta em baixas altitudes, um processo que demandou anos de observação. A combinação dos dados permitiu a criação de um mapa da dispersão de argônio em relação ao vento solar.
O mapa revelou a presença de argônio em grandes altitudes, precisamente nos locais de impacto das partículas energéticas, comprovando a pulverização em tempo real. Descobriu-se que esse processo ocorre em uma taxa quatro vezes maior do que se estimava e se intensifica durante as tempestades solares.